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domingo, 16 de fevereiro de 2014

A exploração da prata em Potosí

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O sistema de exploração de Potosi

As Minas de Potosí localizam-se no Alto Peru, atual Bolívia.

Constituiu o principal centro produtor de prata durante o período colonial.
A sua exploração em grande escala foi possibilitada pela descoberta, em 1563 de jazidas de mercúrio em Huancavelica. O sistema de exploração mineira era baseado no trabalho indígena, por meio da mita. A prata foi o produto americano mais apreciado pela metrópole. Estima-se que 1/3 da produção tenha circulado às margens dos controles fiscais.

Propriedade e exploração

Em princípio o solo pertencia ao rei, não havendo proprietário e sim concessionários, a eles era garantida a exploração e recebiam o nome de “mineiros”, eles eram numerosos e de todos os tipos, na localidade de cerro havia aproximadamente 577 concessionários para 94 filões que por sua vez eram concedidos por pedaços de “varas”, medindo aproximadamente 836 cm; os ricos recebiam aproximadamente 12 varas, ficando em mais ou menos 10 metros.

Os concessionários eram compostos desde o rei, altos funcionários, viúvas de colonos, não raro índios e portugueses, italianos e ingleses, o que imperava era a não exclusividade sobre a região a ser explorada, por isso da insanidade desses personagens em relação à procura da prata e outros metais preciosos. Os capatazes na sua grande maioria eram os responsáveis pela captura das riquezas em nome dos grandes concessionários.

Fases da exploração
1ª Fase: 1545 – 4564 foi o período onde os índios com suas guairas detinham as técnicas nesse empreendimento mineiro por apresentarem-se como proprietários das concessões a serem exploradas através das “varas” dos filãos. Eram chamados de “índios varas”, recebiam brocas e carregavam candeias para desempenharem seu serviço na boca da mina, onde o proprietário lhes vendia o mineral extraído a “olho” que por sua vez seria transformado em metal revertido ao lucro.

2ª Fase: 1570 – 1572 a mão de obra aumentaria proporcionalmente as “mitas” ou pelo trabalho forçado, nesse ínterim as técnicas já não admitiam mais o manuseio dos minerais pelos índios. Os “mytaios” ou índios requisitados nunca eram o suficiente para a crescente exploração, sendo necessário alugar mão de obra livre ao preço de 4 réis diários, e aos submissos podendo chegar a 3 réis.

As diferenças faziam ser notadas pelo fato de o trabalho por aparentemente ser livre, desempenhava um papel importante, revelando a complexidade que era trabalhar nas minas de Potosi.




Técnica de investimento

As transformações fizeram surgir novas técnicas com a introdução do amalgama antes inexistentes para as novas fases, havia o problema da das escavações em galerias, onde os mineiros pagavam a quinta parte do produto aos escavadores dessas galerias, sendo que não havia comunicação entre elas por serem horizontais. O tratamento do amalgama necessitava de uma aparelhagem complexa e cara, os moinhos moedores dos minerais variavam desde os manuais até os puxados por cavalos e pela força hidráulica, essas maquinas foram aos poucos substituindo as mais primitivas.

A importância dessas minas foi tão relevante, que elas eliminaram do mercado as minas de prata alemãs, agora a quantidade desses minerais é que ditariam as novas ordens econômicas do mercado.

A mão de obra e as condições de trabalho

Era composta por mitaios, escravos e mão de obra livre, essa relação de trabalho mineiro historicamente nos remete a simbologia opressora colonial espanhola sobre os índios; a brutalidade de alguns mineiros compostos por capatazes (pongos) era algo absurdamente desumano. Os testemunhos de Las Casas eram verdadeiras tormentas sendo ele e Domingo de Santo Tomas os porta vozes desta massa oprimida aonde chegaram a dizer que a prata enviada à Espanha era composta pelo suor e sangue dos índios.

- Os donos ou capatazes eram “duros”: sempre que os índios reclamavam de cansaço e fadiga, eram chamados de cachorro, pois haviam trazido pouco metal e demorado demais para extaí-lo da terra.

- O trabalho era insano: a verdadeira ameaça para os índios segundo o Villar era a pneumonia, pois os índios saiam do interior das minas com a temperatura altíssima e ao chegar à superfície da montanha, sendo que a altitude do local era 4.000 metros de altura, eram expostos aos ventos, com o passar do tempo mais as doenças respiratória e entre elas se destacava a silicose pulmonar, iam matando os índios paulatinamente. - O trabalho era mal pago: o mitaio requisitado tinha direito a receber um “jornal” de prata onde poderia pagar pela sua alimentação, equivalente a 3 réis, sendo que dificilmente receberia essa quantia do dono que por sua vez pagava somente uma parte do soldo. O índio alugado livremente, o “mingado” recebia a quantia de 4 réis com direito a argumentar o pagamento recebido, fato este motivador de grandes desordens. Esse índio faltava com freqüência ao trabalho, levando o proprietário da mina a fazer muitas queixas.

Vice Rei Francisco de Toledo
- A “mita”: foi instaurada pelo Vice Rei Francisco de Toledo com o intuito de arrecadar a máximo possível das minas de Potosi, e essa nova prática estava relacionada diretamente (em tese) com os costumes incas dos deveres do individuo ao Estado. Com o tempo, esses trabalhadores foram sendo requisitados pelo Estado inicialmente por um a cada trinta anos. Os aldeões fariam de tudo para não serem convocados para esse tipo de trabalho, a ponto de abandonarem suas famílias, o que arruinaria os campos.

- A escravidão: hipoteticamente, a Lei das Índias se oporiam a esse tipo de prática, pois o índio era escravizado por 80 pesos, sendo eles um verdadeiro mercado de homens, visto que o clima não permitia a introdução de escravos negros.

A defesa dos índios

Por mais que se defendessem os índios, as brutalidades cometidas contra eles existiam o tempo todo, na verdade nem uma lei que se fizesse forte em relação a essa proteção foi de fato posta em prática, o argumento usado para se utilizar da mão de obra indígena era de que o sistema estaria comprometido se as leis fossem de fato seguidas, afinal essas mesmas leis deveriam proteger a obra colonizadora. Apesar de a maioria desobedecer tais leis, havia os que de fato respeitavam-nos, pois eram homens honestos e justos, a ponto de criar certas instituições de segurança social como as casas de previsão, inspeções nas minas, cuidados médicos nos hospitais, esse aspecto social e moderno é que permitiu exaltar as instituições coloniais espanholas.

Os mitaios não iam as minas de Potosi por conta própria, na maioria das vezes eles se rebelavam, fugiam e com muita freqüência como foi citado anteriormente abandonavam suas aldeias e nunca mais apareciam.

Sistema de realização do produto

A prata beneficiada do material bruto era vendida no próprio estabelecimento, com o quinto devidamente separado para o rei, os índios participavam dessa tramitação, desde os tempos em que eles tratavam o mineral em suas “guairas” (fornos), sendo que o direito de traficar esse material nunca lhes foi retirado, em virtude disso, a disponibilidade desse material ocorria por diversos fatores:



1 o costume do manuseio desse minério permitia trabalhar as minas nos finais de semana até a segunda pela manhã para seu próprio beneficio;

2 os tipos de contratos para esse tipo de trabalho eram pagos em frações do material recolhido, ou através de fragmentos de ligação de mercúrio-prata, acordos esses entre os capatazes e a mão de obra. Esses indos vendiam esses minerais em mercados públicos especializados, isto é, essas ligas em troca de moeda corrente, essas negociações eram feitos pelos mais experientes vendedores e compradores. Esse tipo de negociação começou a desagradar os mineiros, pois os índios eram arrancados do mercado de trabalho para esse outro tipo de mercado. 


Por causa dessas reclamações, os cabildos começaram a proibir esse comércio e alegaram sob falsa acusação de que o ouro negociado era roubado, os índios por sua vez reagiram e a decisão foi anulada. As ordens religiosas diversas vezes entraram em atritos, pois enquanto umas defendiam o uso dessas praticas escravagistas, outras diziam que o mercado livre seria a única defesa para eles. Todas essas inquietações revelavam a verdadeira dinâmica social que as minas de Potosi representavam.



Referência:
VILLAR, Pierre. Ouro e moeda na História: 1450-1920. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.   

Senhor leitor, todas as imagens foram retiradas do site de pesquisa Google, não se sinta ofendido se por ventura, uma das imagens postadas for sua, a intenção do blog é ilustrar didaticamente os textos e não plagiar as imagens. Obrigado pela compreensão.

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