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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

América em tempos de conquistas.

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O visível e o invisível na conquista hispânica da América.

Existiram muitas formas visíveis de resistência dos povos americanos frente ao poder bélico dos europeus, isso acelerando a derrocada da maioria das civilizações que nas Américas se encontravam ao passo que denotou-se também as dificuldades dos conquistadores para se chegar a tal, enfrentando todo tipo de obstáculos a estas terras inóspitas e desconhecidas. Tudo isso foi instigado pela ganância de riquezas aos metais preciosos frente aos habitantes que aqui habitavam, onde os brancos católicos derrotariam os selvagens endemoniados. A realidade vigente a partir desse contato com o europeu foi implacável para os povos daqui, pois a vantagem armamentistica dos espanhóis fazia os ameríndios parecerem de brinquedos tamanho poderio militar, intelectual e psicológico. Tudo isso só foi possível mediante banhos de sangue desferidos ao genocídio dessas populações, aliados as doenças, guerras, suicídios, enfim, todas as mazelas que as guerras produzem.                                               

Geram Arciniegas
Geram Arciniegas dizia que os espanhóis não descobriram a América, mas sim a encobriram; aos olhos imperiais, mesmo depois de quinhentos anos, isso é considerado como uma façanha produzida graças a eles, mas os povos daqui tem outra visão do fato, se não de terem sofrido todo o tipo de agressão e crime que se possa cometer a humanidade, o fato a eles estava mais para lamentos do que para comemoração, isso representava uma ofensa pelo que seu povo foi submetido ao passado, e agora o algoz quer comemorar esses cinco séculos de conquista. O fato dos índios se comportarem como foi feito é exclusivo deles e não de outros povos que julgam nos segundo a sua ótica, o índio para o europeu era bom se lutasse ao seu lado, senão era tido como covarde. Muitos índios se destacaram pelas suas habilidades nas lutas, sendo considerados por vários colonizadores espanhóis, e, destacavam-se pelos seus feitos os índios peruanos e chilenos, pela sua valentia e espírito guerreiro. 

A derrota por mais terrível que fosse não ocorreu de forma homogênea, foram varias as temporalidades para que ela se consumasse definitivamente, ocorreram muitas resistências ao longo desses períodos infames, onde os índios estenderam-na até onde puderam, por sua vez, houveram povos que sucumbiram rapidamente.             
      

O processo invisível da conquista
A cultura foi à forma encontrada para dominar os povos americanos, sendo que a deles foi substituída por outra totalmente estranha, assim seriam mais facilmente dominados, o fato é que por mais forte que fosse essa nova força social, ela não destruiria por completo a que aqui se encontrava; isso foi possível pela mistura dessas duas culturas diferentes, criando uma terceira com características das duas. O desejo europeu nunca se concretizou verdadeiramente, como é inegável o novo estilo de vida aqui surgido, começando pelo idioma. Ao tempo em que os índios eram explorados e derrotados, aprendiam táticas e comportamentos alheios a eles, onde futuramente seriam usado a seu favor, o novo mundo vivia as precariedades criadas desde o inicio; toda essa miscelânea era paradoxal, a colonização em si apresentava as duas faces da mesma moeda, o colonizador era técnico, cultural e religiosamente mais apurado visto que o índio era altamente ativo na sociedade, a ponto de frustrar os planos dos espanhóis varias vezes. 

Códice Florentino
As fontes em relação aos índios eram poucas, por isso as produções sobre eles são trabalhosas, e as que existem, muitas vezes não correspondem com a realidade de como tudo realmente era, o Códice Florentino é um exemplo disso, pois na sua maioria, o índio era discriminado, não sendo condizente com o verdadeiro potencial que ele apresentava. Oviedo dizia que os índios eram preguiços e bêbados, e eram relutantes a conquista, essa visão só era possível pela versão do vencedor a partir de seus atos; por sua vez os derrotados tinham sua opinião em relação a eles como o que pior poderia existir pelos atos praticados a eles. Octavio Paz dizia que os povos vivem sob suas mascaras e cada um vive de acordo com elas, traçando um tablado enigmático, sem muitas vezes saber o que isso significa. 

Segundo ele, nós vivemos ou interpretamos a história, tudo o que fazemos são signos de nossa produção. Mesmo com todas as intempéries sofridas, os índios resistiram bravamente a tudo isso a ponto de mesmo submetidos ao algoz. Conseguiu deixar e produzir marcas de sua existência, e isso é inegável, até por que se ele conseguiu sobreviver, ele foi uma testemunha ocular do fato e pode dar continuidade na contemporaneidade sobre tais fatos, ele é a prova viva disso. Ao tempo em que os índios eram explorados e derrotados, aprendiam táticas e comportamentos alheios a eles, onde futuramente seriam usado a seu favor, o novo mundo vivia as precariedades criadas desde o inicio; toda essa miscelânea era paradoxal, a colonização em si apresentava as duas faces da mesma moeda, o colonizador era técnico, cultural e religiosamente mais apurado visto que o índio era altamente ativo na sociedade, a ponto de frustrar os planos dos espanhóis varias vezes. 

Las Casas
As fontes em relação aos índios eram poucas, por isso as produções sobre eles são trabalhosas, e as que existem, muitas vezes não correspondem com a realidade de como tudo realmente era, o Códice Florentino é um exemplo disso, pois na sua maioria, o índio era discriminado, não sendo condizente com o verdadeiro potencial que ele apresentava. A relação dos índios na sua maioria foram de levantes e lutas contra o opressor, ele defenderia tudo o que estivesse a seu alcance, e essa experiência fez dele mais lutador do que já era, e mesmo com as táticas de guerra militares, eles fariam frente a elas com sua camuflagem. Eram tidos pelos cronistas como elementos que freavam a nova realidade social a qual seriam expostos. Começava um novo jogo, a tudo o que os índios faziam, seriam defendidos pela Las Casas eram criticados pelos cronistas. 

A língua foi um dos primeiros sinais de descontentamento ao novo regime e por isso mesmo se negavam a falar a língua do espanhol como forma de protesto, pois aprendessem a língua espanhola, se tornariam tudo de pior do que já existia ao homem branco. Segundo Tzvetan Todorov: “o silencio dos índios frente aos conquistadores era uma inadequação do sistema simbólico dos índios, o que levou a ruptura da comunicação”. O silencio inicialmente se deu pelo trauma dos índios frente às atitudes dos espanhóis que agiam descomunalmente, isso era relatado em textos aztecas e maias, esse silencio de certa maneira ajudou a confundir a cabeça dos espanhóis, pois se eles nada falavam. Não tinham como analisá-los mais profundamente, isso representou uma mudança no perfil e padrão do comportamento social impostos pelas novas condições sociais. 

Esse perfil tornou-se notória antes e depois da presença dos espanhóis aqui nas Américas, sendo que antes do contato a vida era vivida no seu esplendor religioso, cultural e político-administrativo. Na sociedade asteca, os jovens aprendiam valores como a moral, respeito, disciplina, tudo voltado para a vida publica e social, sendo rigorosamente punidos a quem não obedecesse a essas premissas, enquanto que os incas baseavam-se na reciprocidade do individuo com o Estado, pois essa população viveria sob os ditames de leis onde não se permitia grandes disparidades sociais, haja visto que o trabalho era tido como a verdadeira riqueza. Diego Duran se impressionou com o modo dos índios serem, sendo que o fator comportamental que lhe chamou a atenção foi à teimosia e a mentira, eram rápidos em conseguir aquilo que fosse conveniente a eles e morosos com o que não lhes interessasse. Segundo esses cronistas, a mentira parecia uma arma pronta a ser disparada a todo o momento. Isso era tido como uma forma de defesa deles, e ao mesmo tempo como defesa.                                                                                                        

Percebe-se nesse ínterim varias mudanças de postura e de hábitos, antes da vinda dos espanhóis para cá, a bebedeira era proibido nas aldeias, com a vinda deles, os índios passavam grande parte do temo bêbados, isso denota uma ruptura entre uma situação e outra, o que era proibido, agora faz parte do cotidiano, isso era tido como um sinal de desequilíbrio na colônia. Ao mesmo tempo em que os índios eram “aculturados”, por vestirem-se como os espanhóis, eram tidos como civilizados, mas ao mesmo tempo eram criticados por reverenciar o sol, a natureza, tudo isso era deduzido pelo contato com a bebida, comparando-se nesse sentido ao europeu. Esse jogo simbólico estava acontecendo em muitos lugares aqui na America. A presença da bebida era vista sob duas maneiras, a embriaguez dos sacerdotes e dos populares, no primeiro caso seriam punidos com severas sanções, já aos populares, lhes seriam destinados castigos. 

Em ambos os casos, a região era quem determinava o nível da embriaguez; as cerimônias religiosas era outro fator para se beber, sendo exclusiva deste ritual e somente na hora do ritual, mas sempre incorriam deslizes dependendo da situação, região, etc. Os adjetivos como: “ébrios e mentirosos, ociosos e teimosos, além de vingativos e inconstantes, eram os qualitativos que os espanhóis aplicavam aos índios para justificar a situação de inferioridade na escala social”.       
                                       
Las Casas e a simulação dos índios
Las Casas defendia os indos a todo custo, sempre se opondo as criticas contra eles e em todas as rebatidas, o fazia de forma concisa e clara; para ele, os índios não eram nada daquilo ao qual eram acusados, apenas defendiam-se e isso era tido como imperfeição aos dominadores; o índio na verdade, estava agindo de acordo com o que estava aprendendo com o branco, dizia que mentia por ser cristão, fazendo uma alusão ao espanhol mentiroso que agora estava em suas terras. Quando o índio descobriu o verdadeiro valor que o ouro representava para os espanhóis, passaram a usar a mentira como forma de protelar os castigos, quando descobriam os lugares onde continha ouro então, mentiriam mais ainda, inventado lugares inexistentes, feitos a base de ouro, ao posso que os espanhóis acreditavam nesses contos, os índios zombavam mais ainda deles por causa da ganância, fazendo-os passar por bobos.                                                                                                                               


O combate à idolatria foi uma luta perdida dos espanhóis, pois os índios baseavam-se na idolatria dos cristãos por Jesus, a Virgem Maria e não foi difícil para eles acreditarem mais ainda em seus deuses, pois o branco fazia a mesma coisa, e repetiam isso muitas vezes, eles ocultavam isso e tiravam o máximo de proveito para si. Outra vantagem dos índios foi a de que os espanhóis nunca se interessaram em aprender seu idioma, visto que eles por mais mal que falassem conseguiam se comunicar então os espanhóis não tinham como saber o que estava acontecendo, os índios sim. Como denotavam certos conhecimentos, usavam essa ferramenta para infernizar a vida dos espanhóis. 

Muitas eram as queixas contra eles, pois se tornavam exímios tradutores ante as autoridades, chegando ao ponto de ser solicitado ao rei que tomasse providencias quanto a isso, mas o rei nada fez, pois um de seus planos era justamente alfabetizar os índios com o castelhano para entendê-los e cristianizá-los, essa premissa foi baseada nos antigos impérios, como o romano até o incaico. Essa situação estava irritando os espanhóis, pois eles não sabiam quando os índios estavam falando a verdade ou se estavam caçoando deles. A religião tentou de todas as formas ser incorporada aos índios, muitas foram às tentativas de transformá-la ou induzi-la a crista, a saída encontrada foi substituir palavras dos dois idiomas para que se chegasse a algo parecido nos dois idiomas, esse progresso só não foi maior por que a maioria dos espanhóis pouco a quase nada aprendiam do idioma local para tirar vantagem, diferente dos índios que se esforçavam para aprender tudo o que pudessem para tiram todas às vantagens possíveis em relação aos espanhóis. 

Francisco de Vitoria
Os cânticos dos índios exaltavam o seu passado guerreiro e glorioso, suas vitorias e seus heróis ou mitos, por isso do relativo fracasso de evangelizá-los, pois antes mesmo dos espanhóis, a religião deles já estava fortemente definida. Oviedo dizia que: “o relativo fracasso da evangelização podia ser produto de uma série de situações diversas, de causas aparentemente independentes umas das outras, e a aceitação ou recusa tinha muito a ver, sem duvida, com o grau de desenvolvimento religioso de cada povo.”. Francisco de Vitoria dizia que “pelas armas os bárbaros não podiam ser movidos a crer, senão a fingir que crêem e que abraçam a fé cristã.”. Houve casos em que os índios se tornaram cristãos, para segundo eles, agradar os sacerdotes, baseados no medo ou pelo desejo de idolatria: “e foi um bom meio para arrancar-lhes a idolatria e outros maus costumes pelo influxo de conversão dos pais.”.

Muitos índios eram criticados pelos evangelizadores que os acusavam de atores por representarem tão bem ser cristãos, mas quando viravam as costas eram mais índios ainda. De fato os índios sabiam o que estavam fazendo, e nada era por acaso, afinal eles de certa maneira sempre apresentaram ligações com o passado, principalmente quando se tratava de religião. 


Diego Torres, em 1584 escreveu como os índios interpretavam o cristianismo e chegou a cinco erros considerados por ele graves:
1. O deus cristão não era bom por que não protegia os pobres.
2. Os cristãos também adoravam imagens como os índios,
3. Para eles, essas imagens representariam os seus ídolos;
4. Poder-se ia adorar Deus e o diabo, por que ambos seriam irmãos.
5. Eles não conseguiam compreender a santíssima trindade, ou seja, em Deus, na paixão e morte de cristo e na virgindade de Maria.

Referência:
VAINFAS, Ronaldo. América em tempo de conquista. Rio de Janeiro Editora: Jorge Zahar. 1992. Pág. 77 – 97.

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