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terça-feira, 9 de agosto de 2016

História econômica do Brasil



"Pobre Brasil, um pais condenado a dar certo" Autor desconhecido.



Expansão e crise da produção agrária.

A produção agrária no Brasil atual e no passado obedeceu às peculiaridades de cada região, com comportamentos diferentes, bem como sua população, desenvolveu-se de maneira própria e independente com o objetivo exclusivo das exportações. Esse fato compara-se a diferentes unidades com o intuito de formar um todo, por isso essa diferença agrária que caracteriza a economia brasileira.


Café
Este é considerado o primeiro e o mais soberano de todos os produtos brasileiros, este status foi adquirido por ser o primeiro gênero primário do comercio internacional, fato esse devido graças às grandes plantações do produto pelas mãos estrangeiras de imigrantes, principalmente dos italianos. São Paulo foi o estado que mais se beneficiou com o regime republicano visto que a onda imigratória neste local revelou-se um complexo e perfeito sistema laboral de trabalhadores que vinham dos mais variados recantos do mundo.

Este processo cafeeiro foi à mola propulsora da prosperidade paulista, rendendo a capital os “louros” dos lucros graças aos dois milhões de trabalhadores estrangeiros que trabalhavam nas plantações de café devido a sua notável capacidade de persistência e esforço de organização. Apesar de todo esse sucesso, nem sempre foi assim, esse processo ocorreu através de ondas irregulares devido às dimensões do país, por isso seu crescimento não foi uniforme. O oeste paulista foi a “bola” da vez, mesmo sendo inicialmente uma região desértica, transformou-se ma Meca de novas culturas, na parte oriental que fazia parte com RJ e MG, o processo já havia sido iniciado no período do império, posteriormente sobraram apenas às ruínas do que foi o império senhorial com seus casarões e antigas residências em ruínas, no lugar das imensas plantações de café agora restava apenas pasto para o gado miserável e ralo.

Fora das fronteiras paulistas, o estado capixaba apresentava semelhança com São Paulo, fato ocorrido por usarem vastas áreas virgens até então, mas isso não duraria muito tempo, pelo fato de não terem a pujança do estado paulista. No norte brasileiro, além da BA, PE e CE, essa cultura não sobreviveu ficando como cultura alternativa devido às carências do solo e do clima não ser propicio para o cultivo bem como para os trabalhadores que estavam acostumados com o clima europeu. A geografia paulista tinha tudo haver com o que era necessário para se plantar café, assim o trabalhador estrangeiro ficaria mais a vontade para produzir de maneira consciente o seu papel em relação ao cultivo da lavoura. 


Esse progresso todo ocorreu graças ao trabalho livre dos imigrantes, fato esse explicado no contexto social, visto que agora eles não seriam mais escravos de alguém e sim trabalhadores que receberiam pelos serviços prestados. Existiram vários fatores anteriores a esse apogeu que favoreceram a cultura cafeeira, como por exemplo, o inicio da República, lembrando que o café demorava em média cinco anos para começar a produzir, inicialmente ocorreu o declínio do preço formando estoques intermináveis, a situação ficaria pior com a desvalorização da moeda.

A maior causa para que isso acontecesse foi à própria produção excessiva do café, associadas às oscilações do mercado e do clima, fato este que causou a destruição de milhares de quilos do produto em 1925, essa crise perdurou por vários anos. Sua colheita era feita por um período de aproximadamente quatro meses, assim o mercado ficaria com excesso de produção, o preço despencaria, assim o produto não seria vendido, e tardamente o preço subiria. Estes eventos levaram a obrigação de criar a Comissão do Café do Estado de São Paulo, esse órgão ditaria o controle absoluto do produto no mercado cafeeiro. Como a historia é cíclica, o mesmo ocorre anos depois na economia do país no advento da primeira guerra mundial, desorganizando o comercio mundial e retraindo os mercados de consumo, mais uma vez o preço dos produtos diminuiriam associados às geadas de 1918 que devastaram com os cafezais paulistas.

Com o término da guerra, o preço do produto sobe novamente, devido às atividades européias voltarem paulatinamente ao que eram antes do flagelo. Antes da guerra o comercio obedecia à ordem natural de negociações, a guerra mudaria todo esse cenário, fazendo vir à tona os interesses capitalistas dos grupos concorrentes formando grandes trustes financeiros que agora operavam sem concorrentes de mercado. São Paulo se protegeria dessas manobras políticas através do Instituto do Café como órgão controlador do café exportado procurando manter o equilíbrio entre a oferta e procura. Entre suas obrigações, o instituto regularia o café em armazéns da maneira que bem entendesse, operacionalizando-o de acordo com a demanda do mercado. Esse dispositivo evitaria o destino que o café teve em 1906.

Esse fenômeno causaria o acumulo do produto em estoques infindáveis, e a cada ano a situação piorava cada vez mais, o produto acabou se tornando refém de si mesmo graças às medidas desastrosas do instituto, com isso as dividas ser tornaram exorbitante e o desfecho final veio com a quebra da bolsa de NY em 1929 derrubando o preço do café em mais de 30%, assim os financiamentos escasseariam, piorando o que já estava ruim, a ruína do café era iminente.


Borracha.
Paralelo a bonança do café no sudeste brasileiro, a borracha representou o mesmo significado no norte do país, o produto era obtido da seringueira, muito comum nos trópicos americanos utilizado pelos indígenas na confecção de calçados, mantos, etc. A historia da borracha tem inicio com a inglesa Priestley em 1770 quando observaram que a borracha apagava os traços de lápis.


Em 1823 Charles Mackintosh dissolveu a borracha criando roupas impermeáveis, a grande sacada da borracha, porém, ocorreu em 1842 quando a americana Goodyear e a inglesa Hancock combinaram a borracha com enxofre, flexibilizando o novo produto inalterável as temperaturas, tornando o produto utilizado em larga escala nos aros das rodas dos veículos pela indústria. A extração do produto na floresta brasileira era feita com mão de obra pela escassez dos habitantes da região, com a crise nordestina de 1877 a 18890 ocorreu uma onda migratória para o norte, esse crescimento continuaria ininterrupto por mais de 20 anos. A região de maior produtividade do produto seria a bacia do baixo Amazonas.

A exploração desordenada da borracha nas florestas brasileiras entraria em conflito com a riquíssima borracha boliviana que já ocupavam esse território através da presença de militares; iniciou-se o conflito entre brasileiros e bolivianos que posteriormente foram resolvidos através do pagamento de 2.000.000 de libras esterlinas pelo estado brasileiro aos bolivianos, com isso receberiam terras que configurariam o Território do Acre. Todo o processo de obter o material era rudimentar e escasso, caracterizando uma indústria de selva tropical. O trabalhador construiria sua choupana na beira da estrada, e no inicio de cada dia, recolheria a goma permanecendo isolado durante semanas, e quando havia o contato através do transporte fluvial, recebia os gêneros alimentícios para seu consumo.

Nas folgas ele se dirigia ao vilarejo mais próximo que geralmente pertencia ao dono da exploração e praticamente gastava seu dinheiro com bebidas e mulheres, acabando com seu salário já minguado. As dividas eram infindáveis, pois ele começava trabalhar tendo que pagar pelo rudimentar machado, faca e tigela para recolher a goma; era comum a divida com seu patrão por causa da viajem ao local de trabalho, pois já chegava devendo sem ter recebido. Essas dividas dificilmente eram pagas pelo fato delas sempre ultrapassarem o valor do salário a ser pago, outro fator que tornava essa divida impagável era o preço dos produtos absurdamente caros, além do patrão com seu hábil jogo de enganar o seringueiro analfabeto, ludibriando-o totalmente. Esse era o habitat do trabalhador, rústico, sofrido e altamente explorado.

Em relação às seringueiras, nada era feito para a proteção e conservação das plantas, pelo fato de tudo ser exaustivamente usado, a floresta desaparecia rapidamente, esgotando as reservas paulatinamente, tornando-as cada vez mais escassas e dispersas, de difícil acesso, a ruína era anunciada em curto prazo. Esse modelo de produção não faria frente aos métodos utilizados pelos orientais que não tardamente substituiriam o nosso produto nos mercados mundiais. O ápice da borracha brasileira ocorreu em 1912, depois disso, foi somente queda; outro fator que contribuiu para isso foi o contrabando das sementes para Londres e semeadas no jardim de Kew, depois transportadas para as colônias inglesas do Ceilão e Singapura, dando origem as gigantescas plantações na Malásia que posteriormente desbancariam as produções da America.

Era relativamente fácil entender a lógica do ciclo da borracha americana sendo desbancada pela borracha produzida na Ásia, pois os meios de produção eram altamente avançados se comparados com os daqui, as técnicas adotadas pela Inglaterra, França e Holanda fizeram o Brasil passar por um mero produtor devido a sua precariedade de extração frente ao comercio industrializado europeu. O colapso da borracha era anunciado há tempos, mas mesmo assim, enquanto durou foi erguida a bela Manaus em plena crise, bem como Belém do Para e o “longínquo” Acre. A representatividade máxima dessa empreitada foi à construção do teatro municipal de Manaus, considerado um misto de imponência e mau gosto, centro encontro da então elite regional e internacional; passado o período da borracha, pouco ou nada sobrou, restando apenas às ruínas das cidades abandonadas que se desfaziam aos poucos como os sonhos de quem trabalhou por lá, dando boas vindas a mata que agora ocupara seu lugar novamente. Esse episodio é mais um elemento de nossa controversa economia.

Cacau
Foi um produto produzido em pequena escala se comparado ao açúcar e a borracha, abrangia áreas desde o Amazonas até o sul da Bahia, tido como o lugar perfeito para o seu cultivo. A exportação desse produto representou o a maior fonte de riqueza do período no vale amazônico. O consumo do chocolate no século XX através da sua industrialização atingiu a sua máxima em países consumidores como os EUA e a Europa. No Brasil o vale amazônico seria o grande centro de produção do cacau, sendo a sua primeira extração datada oficialmente em 1825 para a Inglaterra, o período coincide com o da borracha. Isso não foi uma mera coincidência, em termos de mão de obra, foram utilizado o mesmo processo de mão de obra imigrante nordestina.

Essa produção era bastante disputada com as regiões, sobretudo da África em São Tomé, apesar do desenvolvimento brasileiro ser maior e o consumo mundial aumentar vertiginosamente, era considerado uma época de prosperidade. A Bahia foi beneficiada com esse bem estar, depois de um longo período de decadência e estagnação do ciclo açucareiro, responsável por elevar Salvador a capital da colônia e uma das principais cidades das Américas.

Açúcar
Foi mais uma das atividades agrárias de nosso país, lembrando que não representavam o conjunto republicano até 1930, representava apenas o medíocre papel da insignificante expansão econômica. Essa produção não representaria ainda a principal atividade da economia colonial em especial nas regiões do litoral nordestino e carioca, locais de maiores concentrações populacionais, sendo que essa produção se destacava por ser de exportação e não para o consumo interno.

Depois de seu declínio como os mercados estrangeiros, não restou alternativa a não ser o mercado interno, agora mergulhado em crises abissais, por causa da falta da estrutura brasileira nas regiões que se praticava essa monocultura insistente, sem diversificar a economia a procura de outros meios para garantir novas perspectivas, fato esse que condenou novamente a estagnação. Existiram fatores que contribuíram para esse declínio, podendo ser citados novamente a concorrência européia com sua colônias espalhadas pelo mundo todo, fato esse superado pelo uso de novas tecnologias e outras circunstancias mais favoráveis como clima, localização, maiores investimentos. O Brasil perdeu seu mercado externo restando-lhe novamente o consolo do mercado interno, fato esse tido como possível solução a médio prazo para a crise nas regiões praticadas por essa monocultura, esse episodio permitiu respirar temporariamente, mesmo em condições precárias até o desenvolvimento da cultura cafeeira no sudeste.

Essa solução temporária permitiu-lhes diversificar outras culturas alimentícias para compensar em partes a perda dos velhos mercados; a situação piorou com as sucessivas crises do café em São Paulo, o estado então começou a produzir a sua cultura de alimentos, que agora era desvantajoso para o nordeste. Como o estado paulista crescia paulatinamente, ele foi obrigado a produzir a sua base alimentícia, decretando a ruínas as regiões antes produtoras, assim, a economia açucareira encerraria o seu sistema de distribuição e seria obrigado a criar um órgão que desse acessória a eles, por causa desses fatos, foi criado o Instituto do Açúcar e do Álcool, responsáveis agora pelo controle dos preços no mercado.

A indústria açucareira sempre foi inferior se comparada a dos outros países, fato esse motivador e vitorioso a economia internacional, a remodelação dos engenhos era árdua, penosa e lenta, por cauda dessa lentidão, os engenhos foram obrigados a criar os chamados engenhos centrais, responsáveis pela moagem da cana de açúcar em grandes quantidades, esse fato garantiu por parte do governo mais apoio e incentivos como medidas de baixo juros e auxílios financeiros. Embora fossem medidas paliativas, o açúcar teria o mesmo destino da borracha, novamente iniciou-se o processo de liquide dos engenhos, eles não poderiam concorrer com a indústria açucareira, fato este responsável pela vendas da cana unificando-a a produção agrícola, o controle agora era feito pelos usineiros que se aproveitariam das seguidas crises para comprar os velhos engenhos. O tempo foi responsável pelo desaparecimento dos engenhos agora comandados pelos usineiros, as antigas propriedades não existiam mais, restando apenas as ruínas e o nome que eles um dia foram.

Pequenas propriedades
A fase moderna da republica caracteriza-se pela partilha das grandes propriedades fundiária e rural e o aparecimento crescente das pequenas propriedades quase inexistentes no passado; no inicio de nossa colonização era exatamente o oposto por causa da economia de exportação em larga escala como o açúcar, borracha, algodão e cacau. Fato esse resultado da nova tendência econômica de pequenos pedaços de terra para produzir, isso propiciou o imediato progresso agrário, necessitando da mão de obra européia, posteriormente foi utilizada a mão de obra asiática em sua maioria pelos japoneses. Os trabalhadores brasileiros se disponibilizariam aos pequenos proprietários, pelo fato dessas terras não terem a grande responsabilidade de ter que obrigatoriamente produzir, agora não eram mais subordinados a mais nem um patrão, eles eram os patrões e esse ambiente pequeno era o ideal para o seu desenvolvimento.

Esses m“micro núcleos” se fizera presentes em regiões como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Paraná, em São Paulo eles sofreriam concorrência com os imigrantes; a política de colonização voltaria no inicio do nosso século com as levas de imigrantes italianos, posteriormente os países de onde essas pessoas descenderiam criariam medidas restritivas a essa corrente migratória. O lucro agora era voltado para a produção cafeeira das camadas sociais que se livraram do trabalho e se estabeleceram por conta própria, esses fatos tiveram a sua relevância na distribuição dessas pequenas propriedades, principalmente em São Paulo. Outro fato importante para esse episodio de pequenas propriedades foi o afastamento da concorrência dessa cultura, pois nesse período de crises, o progresso dos pequenos loteamentos agora eram prioridade ao seu progresso ativo.

Esse movimento embora lento fosse ganhando terreno sem obstáculos abrangendo áreas cada vez maiores, esse processo porem no interior do Brasil em São Paulo, por exemplo, a propriedade fundiária rural não era a favor desse estimulo trazido pelos imigrantes europeus, que não se “aclimataram” com nossa temperatura tropical. A pequena propriedade estabeleceu uma estrutura agrária com pequenas bases resultando ocupações modestas nos povoados, ou seja, os posseiros, ocupantes sem títulos as terras até então abandonadas. O processo de retalhamento das terras deram lugar aos minifúndios, garantindo as famílias a sua manutenção como proprietário através da produção de gêneros essenciais a sua subsistência, sendo que essas pequenas porções de terra começavam a representar percentualmente a sua importância na economia brasileira.

A maior parte desses alimentos era de consumo em particular nos centros urbanos, por isso essas propriedades se caracterizaram como responsáveis por preencher o passado de nossa historia sobre tudo no período das exportações, agora era o estrangeiro que ajudava na manutenção dos produtos alimentares. Esse fato ocorreu por que grande parte dessa mão de obra era oriunda de recém egressos de estados servis e sem tradições camponesas, despreparadas e que não apresentavam inicialmente qualquer responsabilidade de produção. Assim, sem qualquer obrigatoriedade eles “deram a volta por cima”, trabalhando eficazmente na nova economia, como parte de seu viver restabelecendo vínculos com a terra e através dessa progrediram e produziram lucros ao nosso país.

Referencia:

PRADO JUNIOR, Caio / 1907 – 1990. História econômica do Brasil / Caio Prado Junior, – 43. Ed. – São Paulo: Brasiliense, 1998.


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